terça-feira, 14 de julho de 2009

A porta

Vou ter que entrar naquela porta. Entreaberta há anos. Olho-a de soslaio e tento ignorá-la. Mas ela grita silenciosamente por mim. Não a quero ouvir. Evito a dor que sei que sentirei, como um rasgar de pele, bem devagar. “Tenho que atravessar, tenho que atravessar...” repito para mim mesma. Agora com a consciência dos seus contornos ainda me é mais difícil. Talvez devesse dizer que me custa de forma diferente, porque sei o que implica ficar novamente a mirar de longe. Do desconhecido apenas tenho a consciência da libertação, mas a dor ardente e dilacerante não me deixa prosseguir. Quero entrar, preciso de entrar! Serei finalmente capaz?


Imagem: Lucian Freud

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